Morre Papa Francisco aos 88 anos: Legado de humildade, fé e transformação

Morre Papa Francisco aos 88 anos: Legado de humildade, fé e transformação

Na manhã desta segunda-feira (21), o mundo se despediu de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, que faleceu aos 88 anos às 2h35 (horário de Brasília), ou 7h35 no horário local de Roma. O anúncio oficial foi feito pelo Vaticano, que ainda não divulgou os detalhes sobre a causa da morte. O pontífice estava em processo de recuperação de uma pneumonia que afetara gravemente os dois pulmões. Ele havia ficado hospitalizado por 38 dias antes de retornar ao Vaticano.

Última mensagem do Vaticano

Em nota oficial, a Santa Sé expressou profunda gratidão pelo legado deixado por Francisco:

“O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”

Cerimônias fúnebres terão início nesta segunda-feira

As homenagens póstumas ao Papa Francisco seguem o protocolo tradicional da Igreja Católica. Os ritos e cerimônias começam ainda hoje (21), com os seguintes horários divulgados (horário de Brasília):

  • 14h – Missa de sufrágio na Basílica de São João de Latrão, celebrada pelo cardeal Baldo Reina.
  • 15h – Ritos de verificação da morte e preparação do corpo na Capela de Santa Marta, conduzidos pelo camerlengo Kevin Farrell.

A grande surpresa ficou por conta do local do sepultamento. Em vez de ser enterrado na Basílica de São Pedro, como a maioria dos pontífices recentes, Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma — uma tradição que não era seguida desde 1903, com o Papa Leão XIII.

Um papa de primeiras vezes

Francisco entrou para a história por uma série de ineditismos que marcaram seu pontificado:

  • Primeiro papa latino-americano.
  • Primeiro jesuíta a assumir o papado.
  • Primeiro pontífice moderno a ser eleito após uma renúncia, a de Bento XVI.
  • Primeiro a promover abertamente a inclusão de pessoas LGBTQIA+ na Igreja.

Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Argentina, filho de imigrantes italianos, Jorge Mario Bergoglio era técnico químico antes de entrar no seminário. Foi ordenado sacerdote em 1969, tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 1998 e foi nomeado cardeal por João Paulo II em 2001.

Eleito contra a própria vontade

A eleição de Francisco aconteceu em 13 de março de 2013, durante o segundo dia do conclave que elegeu o sucessor de Bento XVI. De maneira surpreendente, Bergoglio teria resistido inicialmente à ideia de assumir o papado. Em entrevistas posteriores, ele chegou a declarar: “Não queria ser papa”.

Ainda assim, seu nome uniu cardeais de diferentes alas da Igreja e ele foi escolhido como o 266º papa da história da Igreja Católica.

Pontificado marcado por empatia, simplicidade e reformas

Durante seus quase 12 anos à frente da Igreja, Francisco promoveu uma série de ações voltadas à modernização e ao acolhimento dentro da instituição. Seu estilo despojado, a opção por morar na Casa Santa Marta (em vez do luxuoso Palácio Apostólico), o uso de roupas simples e o contato direto com fiéis simbolizaram uma nova forma de exercer o poder papal.

Alguns dos marcos de seu pontificado incluem:

  • Combate à corrupção e reformas na estrutura financeira do Vaticano.
  • Apoio a migrantes e refugiados.
  • Defesa do meio ambiente com a encíclica Laudato Si’.
  • Incentivo à misericórdia para casais divorciados e pessoas em situações irregulares.
  • Abertura ao diálogo inter-religioso, especialmente com o islamismo e o judaísmo.

Críticas e resistência interna

Apesar do apoio massivo de fiéis ao redor do mundo e de sua popularidade até entre não religiosos, Francisco enfrentou forte resistência de setores ultraconservadores da Igreja. Críticas à sua postura mais branda em temas como sexualidade, casamento e papel das mulheres chegaram a gerar tentativas de deslegitimá-lo.

Contudo, Francisco sempre reafirmou seu compromisso com os princípios cristãos de acolhimento e amor ao próximo. Para ele, a Igreja deveria ser “um hospital de campanha, e não uma alfândega que seleciona bons e maus cristãos”.

Legado e continuidade

Embora não tenha alterado a doutrina central da Igreja — e tenha se mantido firme em temas como a oposição ao aborto e ao sacerdócio feminino —, o Papa Francisco plantou as sementes de um pensamento mais pastoral, voltado para o cuidado com o outro e a compaixão.

Especialistas destacam que ele esperava que seu trabalho tivesse continuidade por seus sucessores.


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